Produtora do festival rebate críticas dos roqueiros e brinca: 'Vou colocar uma piscina de lama para matarem a saudade de 1985'
Roberta Medina, 33 anos, em um primeiro momento, escapa à imagem padrão  de uma executiva encarregada da produção do maior festival de música do  país e um dos maiores do mundo. Sem cerimônia, deixa de lado os apertos  de mão, cumprimenta todos na sala com beijinhos e uma simpática  informalidade que torna desnecessário quebrar o gelo antes de começar  uma entrevista.
 
iG: Os roqueiros, especialmente os que foram naquele primeiro  festival de 1985, costumam dizer que o festival tem muito pop, que  mudou...
 
Roberta Medina:O rock não é a música, é o espírito construtivo, otimista, empreendedor.  No primeiro já teve Elba Ramalho, James Taylor... Não mudou nada. Ivete  Sangalo e Cláudia Leite saltaram um nível, deixaram de ser meramente  axé e viraram artistas pop. E outra coisa, cara, não vamos colocar  sertanejo não, mas olha o Brasil, é rock pop? É assim ó (Roberta fez  sinal de pequeno com os dedos). Quando você vai para as redes sociais,  os roqueiros são os únicos que ficam reclamando. Coloca um nome pop,  desaba a pancadaria contra. Mas venderam 600 mil ingressos em quatro  dias. É um evento de massa, não é um evento de nicho, um evento para o  jovem, como foi no início. Fico brincando que vou colocar uma piscina de  lama para ver se conseguem matar a saudade. Não é mais isso.
 
iG: O festival SWU em São Paulo você enxerga um pouco como esse  evento de nicho que você citou? É o festival que está preenchendo essa  brecha?
 
Roberta Medina: Se você olhar os festivais pelo mundo  afora, muitos têm vários espaços. Mas a gente não fala só com o jovem,  75% do público do Rock in Rio está entre 15 e 50 anos. De 15 a 25, são  26%. E por quê? Porque está limpo, você pode andar tranquilo, levar seus  filhos, ir em um banheiro legal, o ambiente é outro. É um parque  temático da música. Claro que não negamos a origem, só estamos aqui em  função dos 26 anos de história, e principalmente a primeira edição. Mas  acho sim que o SWU está ocupando o espaço que ninguém ocupou. Portugal,  que é muito menor, tem, sei lá, uns 20 festivais, e pelo menos cinco  relevantes.
 
iG: Você toca algum instrumento?
 
Roberta Medina: Fiz aula de piano quando era pequena.  Recentemente comecei a fazer aula de bateria, mas com a falta de tempo  tive de parar. Está lá na garagem. Quero voltar. É muito difícil!
 
iG: Como vocês lidam com a produção, tempo de show, montagem do palco para cada artista?
 
Roberta Medina: Os primeiros têm tempo limitado, o  último não. Para a equipe técnica é uma operação insana, trocam o palco  em 20 minutos. Graças a Deus em 26 anos não aconteceu nada. Só em 2001,  tudo perfeito, tudo certo, no último dia, no final, um segurança deu um  tapa num garoto e aí veio todo mundo (mídia) em cima. Somos muito  chatos. A gente começa a trabalhar com órgãos públicos 11 meses antes.  Eu vou lá cobrar fiscalização, quero que venham, porque a partir do  momento que vierem, estou mais segura.
 
The Ballad Of Death